O nomadismo imaginário da Caza Itinerante

Texto de Renata Gesomino
17 de Janeiro de 2011

Dentro de um espaço imaginário foi possível construir as paredes de uma sala concreta, sem jamais aprisionar sonhos e ideias.        A Galeria Espaço Imaginário, na Lapa, desfrutou de dois anos de atividades culturais intensas, na qual o espaço disponível – 300m² desconheceu limites metafísicos.

Essas atividades foram viabilizadas a partir do esforço e do perfil empreendedor do artista plástico Raimundo Rodriguez, que chegou a agrupar cerca de 350 artistas em coletivas memoráveis como “Exposição Salve São Jorge”, “Eterno Retorno”, “Embaixada da arte”, “Em obra”, etc., todas somente no ano de 2009, além dos encontros realizados no ano de 2010, tais como: “Mulheres, artes e coisas do gênero”, “Olhar Graffiti -2010”, “Claraboia”, “Encontros e Travessias”, “Eterno Labirinto”, “Centro-Livre”, entre tantas outras exposições coletivas que aproximaram artistas das mais diversas linguagens, gerações e até mesmo países.

Com um projeto diversificado de celebração das artes visuais e de todas as suas manifestações, o Espaço Imaginário acolheu artistas jovens e consagrados, consolidando sua imagem na Lapa, como um espaço de magia, inovação, e confraternização.

Seguindo a tradição dos paradoxos, e da doxa popular, Raimundo Rodriguez derruba as paredes da galeria Espaço Imaginário, justamente para levantar as paredes de uma casa nômade, com pernas longas – caminhando mais rápido e mais longe, num projeto acolhedor, aos moldes da máxima: “mi casa, su casa”.

Assim, anuncia-se a criação de um novo espaço que parte das mesmas convicções: revelar novos artistas e celebrar os artistas experientes, oferecendo ao público carioca a oportunidade de conhecer manifestações culturais de toda parte do Rio de Janeiro, do Brasil e do mundo, numa casa que sempre muda, em movimento constante, pós-moderno, sem direções preestabelecidas, itinerante.

A Caza Itinerante, parte desse mesmo imaginário, desse espaço que não se aprisiona, que se desloca com os desígnios, e que hoje é uma realidade.

Com endereço fixo também no bairro da Lapa - o corredor cultural carioca, a Caza se destaca pela pouca quantidade de paredes, formando um espaço com múltiplas funções, híbrido por natureza, capaz de abrigar uma loja de objetos de arte, uma livraria, e, sobretudo, de abrigar o espaço amplo da galeria principal, juntamente com outra sala especialmente reservada para eventos audiovisuais.

Na Caza Itinerante, o conceito de galeria é mais humanizado, torna-se intimista sem deixar de ser para todos – artistas e público, a casa acolhe, mas, também transporta. Basta entrar, sem bater.